*Fred Cabala – fredericocabala@gmail.com

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FATOS RECENTES
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Há poucas semanas o delegado de Polícia Federal Maurício Telles Barbosa assumiu o cargo de Secretário de Segurança Pública do estado. Entre as metas destacadas, o secretário recém-empossado enfatizou o combate à corrupção e desvio de conduta da polícia.
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O tom do discurso de Maurício Telles não alarma, dados os acontecimentos pontuais que marcaram negativamente a corporação nos últimos anos, tais como a chacina do Pero Vaz, o extermínio em Vitória da Conquista, os dois homicídios na blitz de Itapuã, e, dias atrás, a agressão ao motoqueiro em Feira de Santana.
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FICÇÃO OU REALIDADE?
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A chegada de Tropa de Elite 2 aos cinemas certamente propagou o debate sobre milícia, tráfico e violência como realidade fomentada por uma gama de policiais corruptos (ou bandidos fardados) que abusam da posição de autoridade e poder de violência para colocar em perigo o que prega a profissão: a segurança pública.
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Ao mesmo passo que a corrupção policial vira moda nas telas, a vida real também não deixa o tema cair em desuso. Somente recortando-se os últimos quatro anos, dados da Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública registram que 229 policiais militares foram expulsos das corporações após terem praticado crimes como corrupção, roubo e assassinato.
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BREVES DEFINIÇÕES
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De origem remota, o termo corrupção possui raízes na palavra latina corruptio, que pode significar tanto degradação como decomposição. Já a palavra polícia, que provém do grego politeia e remonta à segurança e bem-estar coletivos. O resultado da união dos vocábulos é o que melhor descreve a atual situação do estado no assunto: a degradação do bem-estar social.
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PROJEÇÕES
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É um lugar comum afirmar que a impunidade corporativa é mola mestra do desvio de conduta. A impunidade favorece, mas a corrupção em sua amplitude possui raízes fora das instituições policiais e deve ser encarada e combatida principalmente como anomia da sociedade brasileira.
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Deve-se registrar, também, que o número maior dos agentes encarna coragem e honestidade no dia-a-dia da profissão. Pesquisa do professor José de Souza Martins (USP), por exemplo, sublinha que 91,5% dos salvamentos feitos a pessoas que sofrem linchamentos são feitos por policiais que põe em risco a própria vida em benefício da alheia.
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Ainda assim, não se pode tirar responsabilidade das instituições de proteção social, que contribuem para a composição do cenário ao fornecer por vezes uma formação profissional inadequada em que o abuso da autoridade é incentivado. Os debates em torno das produções atuais que abordam o tema, como o próprio Tropa de Elite 2 e o seriado global Força Tarefa, endossam que o principal adversário da segurança das cidades é a própria política de segurança pública.
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Desse modo, a urgente questão apresentada por Sócrates há mais de 2 mil anos, e que deu título a esta matéria, continua sem resposta.
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*Fred Cabala é estudante de jornalismo.