Este blogueiro entrevistou o jornalista Marcel Leal, filho do jornalista Manuel Leal, que foi assassinado em 1998. Na entrevista Marcel comentou sobre a demissão do policial civil Monzar Brasil, que foi condenado há mais de 18 anos por ter matado Manuel. Abaixo a entrevista.
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João Matheus: Como você recebeu a notícia sobre a demissão do policial civil Monzar Brasil, que em 2003 foi condenado a 18 anos de prisão pela morte do seu pai, o jornalista Manuel Leal?
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Marcel Leal: Foi o final de uma luta que vem desde 2003, quando ele foi condenado, mas ficou na Corregedoria da SSP, por ser policial. Então, fiquei feliz, até porque minha esperança é que, ao ser transferido para a penitenciária Lemos Brito, ele prefira entregar os mandantes e fazer um acordo.
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JM: Ele foi condenado em 2003, primeiro ano do segundo mandato do então governador Paulo Souto (DEM), que em todo o seu mandato manteve Monzar nos quadros da policia civil. Como você avalia esse posicionamento do ex-governador?
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ML: Criminoso. Paulo Souto não pode sequer alegar ignorância, pela repercussão mundial do crime. Ele sabia que estava mantendo um pistoleiro condenado na folha do estado. Para mim sua atitude, de não demitir um assassino condenado, torna ele cúmplice consciente do crime.
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JM: Após a condenação, Monzar ficou quantos dias preso?
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ML: De início, nenhum. Conseguiu vários recursos e ficou solto (armado e com distintivo de policial) até 2005, quando perdeu o último recurso. Foi preso e levado para a cela da Corregedoria, onde ficou entre amigos e com mordomias. Saía quando queria. Só depois da posse de Wagner o novo corregedor manteve ele preso e foi aberto inquérito para a demissão.
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JM: Atualmente ele está preso ou está aguardando em liberdade algum recurso?
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ML: Já tinha que estar numa cela da Lemos Brito. Mas ainda deve estar na Corregedoria. Não há mais recurso.
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JM: Até o momento apenas ele foi condenado, em nenhum momento a Justiça chegou aos mandantes do crime. Você acredita que com a sua demissão ele possa revelar para a justiça os nomes ou nome do mandante do crime?
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ML: Minha esperança é essa. Na Lemos Brito ele vai conviver com muitos bandidos que ele enviou para lá ou até que tentou matar e não conseguiu. A esperança é que prefira fazer um acordo e entregue os mandantes (isso, se os mandantes não mandarem matar ele antes…).
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JM: Como você está avaliando a posição do governador Wagner em relação a morte de Manuel Leal?
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ML: Séria, ética, responsável ao abrir o inquérito e demitir o assassino protegido de Souto. E foi além, assumindo a culpa do estado da Bahia publicamente e oficialmente. Não precisava, mas fez questão de fazer.
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JM: Qual a diferença entre o posicionamento do ex-governador Paulo Souto e Wagner?
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ML: Paulo Souto foi conivente com o assassinato, assim como César Borges, que era governador quando o crime aconteceu. O carlismo fez de tudo para não apurar o crime (que só foi investigado por muita pressão nacional e internacional), mandou um delegado que manipulou o inquérito, protegeu os mandantes.
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Já Wagner demitiu o assassino, busca maneiras legais de abrir nova investigação sobre os mandantes e outra sobre as irregularidades do delegado no inquérito. Assumiu a culpa do estado que foi de outra gestão. É um abismo de diferença.
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JM: Marcel, sinceramente você está sentindo que está sendo feita justiça ou o crime continua impune?
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ML: O crime continuará impune até que os mandantes sejam colocados na cadeia. Mas o progresso foi notável para o Brasil. Monzar foi o primeiro assassino de jornalista já condenado no país.